O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, decidiu nesta quarta-feira (19) cortar a taxa básica de juros (a Selic) em 0,5 ponto percentual, indo de 12% para 11,5% ao ano. A decisão foi unânime. Esta é a segunda vez seguida no governo Dilma, iniciado em janeiro deste ano, em que a taxa é reduzida.
No comunicado que se seguiu à decisão, o BC informou que "um ajuste moderado no nível da taxa básica é consistente com o cenário de convergência da inflação para a meta em 2012".
Analistas já esperavam uma nova queda de 0,5 ponto percentual, após a decisão ter sido adotada em agosto. A Selic é usada pelo BC para tentar controlar o consumo e a inflação.
Esta foi a sétima reunião do Copom sob o mandato da presidente Dilma Rousseff e com o BC sob o comando de Alexandre Tombini.
Nas primeiras cinco reuniões, o comitê decidiu elevar a taxa. Nas duas primeiras, a alta foi de 0,5 ponto percentual. Em outras três posteriores, o aumento foi de 0,25 ponto percentual. Já na sexta reunião o BC surpreendeu o mercado ao anunciar um corte de 0,5 ponto percentual.
No início do governo Dilma, a Selic estava em 10,75% e agora registra 11,5% ao ano. O próximo encontro do Copom, o último previsto para este ano, será nos dias 29 e 30 de novembro.
Entenda a relação entre juros e inflação
A alta de preços ocorre quando há muita procura por produtos e menos quantidade para atender a essa necessidade.
A elevação dos juros é o principal método utilizado para o BC para perseguir o centro da meta de inflação --medida pelo índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA)--, que é de 4,5% para este ano.
A meta pode ter variação de dois pontos percentuais para cima ou para baixo, ou seja, a inflação poderia ir de 2,5% a 6,5%.
Nos últimos 12 meses, até setembro, a inflação acumula alta de 7,31%, a maior taxa desde junho de 2005, e ficou, portanto, acima do limite máximo da meta do governo (os 6,5%).
O governo vem adotando medidas para desestimular o consumo: aumentou o valor do pagamento mínimo da fatura do cartão de crédito; elevou o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) sobre gastos no cartão de crédito fora do país e sobre captações de recursos no exterior; tornou obrigatório uma entrada de pelo menos 20% nos financiamentos entre 24 e 36 meses para carros novos ou usados.
Outra forma de frear o consumo é por meio da Selic, a taxa básica de juros. Ela é usada como base, por exemplo, para os juros cobrados quando se parcela uma compra ou se pede dinheiro emprestado no banco.
Se os juros básicos aumentam, as lojas fazem o mesmo com o crediário. Com juros altos, as prestações ficam mais caras e as pessoas compram menos, o que restringe o aumento dos preços.
No caso de redução dos juros, o receio do governo é que haja muitas compras e as indústrias não consigam produzir o suficiente.
Quando isso acontece, há falta de produtos no mercado, e os que existem ficam mais caros -é a chamada lei da oferta e da procura.
Juros altos são bons para algumas aplicações
Um aspecto positivo dos juros altos é que eles remuneram melhor as aplicações financeiras. Isso é bom para os investidores brasileiros e também para os estrangeiros que procuram o país.
Quando alguém investe em fundos ou títulos públicos, por exemplo, recebe um rendimento mensal maior se os juros estiverem mais altos.
Por outro lado, os juros altos prejudicam as empresas, que ficam mais receosas de tomar empréstimos para investir em expansão.
Por isso os empresários reclamam dos juros altos. Nesse cenário, também se torna mais difícil a criação de empregos.
O Copom foi instituído em junho de 1996 para estabelecer as diretrizes da política monetária e definir a taxa de juros.
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